No
período, a companhia diz ter aumentado o número de trens, inaugurado
novas estações e reduzido o intervalo entre composições. Entretanto,
passageiros relatam que a lotação não está restrita aos vagões. Nos
horários de maior movimento, já é possível ver filas na porta de
estações.
O
problema ocorre principalmente em estações da Linha 3-Vermelha, que
liga as zonas Leste e Oeste, tanto pela manhã, entre 6h30 e 7h30,
quanto à tarde, entre 17h30 e 18h30. A reportagem acompanhou filas do
lado de fora das estações Anhangabaú, Artur Alvim e
Corinthians-Itaquera. Passageiros relataram também haver filas nas
estações Tatuapé, Armênia e Consolação.
O
aumento de 40% é inferior ao registrado no mesmo período nas
composições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que
cresceu 73% em cinco anos. Os números relativos ao Metrô não consideram
os dados da Linha Amarela, administrada pela iniciativa privada e que
não divulgou dados solicitados pela reportagem.
O
Metrô atribui o aumento de lotação nos trens e estações a quatro
fatores: a implantação do Bilhete Único nas estações, o início da
operação da Linha 4-Amarela, que tem conexões com outras vias, a
expansão da Linha 2-Verde e o crescimento econômico do país.28% mais
trens no período Ao longo de cinco anos, o orçamento da empresa aumentou
de R$ 1,279 bilhão (em 2006) para R$ 4,426 bilhões (2011). O orçamento
inclui tanto investimento quanto custeio com funcionários. Entretanto,
de acordo com relatório divulgado na terça-feira, houve queda no
investimento entre 2010 e 2011. O investimento na rede atual caiu 19,6%
e, nos projetos de expansão, a queda foi de 39%.
Para
melhorar a operação e diluir o excesso de passageiros, a empresa
colocou 28% mais trens em circulação (passaram de 117, em 2007, para 150
em 2012), reduziu os intervalos entre as composições em algumas linhas e
implantou o sistema CTBC (Controle de Trens Baseado em Comunicação),
considerado o mais moderno do mundo e similar ao adotado em Nova
YorkMais passageiros, mais espera Mesmo com as estratégias da companhia,
o aumento da demanda causa reflexos no dia a dia dos passageiros. Na
estação Artur Alvim (Linha 3-Vermelha), as filas pela manhã chegam a dar
a volta no quarteirão, segundo a consultora de hotéis Laene Rodrigues,
de 25 anos. Ela, que costumava embarcar entre 7h e 7h30, aceitou trocar
de horário no emprego para resolver o desconforto. "Apareceu uma
proposta no trabalho para entrar mais tarde e não tive dúvida. Mudei de horário por causa da fila."
A
viagem diária de Laene demora uma hora e 10 minutos, em média, da
estação Artur Alvim até a Trianon, na Avenida Paulista. Antes de chegar,
ela troca de linha duas vezes - vai da Linha 3-Vermelha para a 1-Azul e
depois para a 2-Verde do Metrô. "Depois da fila [na estação], tem que
pegar o metrô lotado, onde não dá para se mover. A gente chega ao
trabalho cansada, irritada e tensa", diz.
No
Anhangabaú, o problema é similar. A auxiliar administrativa Elaine
Carvalho, de 19 anos, diz encontrar filas para entrar na estação no
horário de pico da tarde. "Vai até o meio da rua, principalmente às 18h.
Do começo do ano para cá percebi que vem piorando [a lotação]", diz a
jovem. Ela estima levar até 30 minutos para embarcar no horário de pico -
15 minutos para passar da fila até a catraca e mais 15 para entrar no
trem. "Daqui [do lado de fora da estação] até a catraca, leva 3 minutos
se está tudo livre", comenta.
Já
o motorista Sidney da Silva, de 39 anos, diz que as filas chegam a ter
90 metros a partir da catraca da estação Corinthians-Itaquera. "Vai para
além da plataforma. Todos os dias eu encontro fila, e é enorme, não é
daquela fininha não", diz. Silva relata já ter se atrasado para trabalho
devido à espera no Metrô. "A gente começa a se precaver, chegar mais
cedo, é um horário que atrapalha."
Segundo
dados do próprio Metrô, o número de passageiros passou de 775 milhões,
acumulados em 2006, para 1,1 bilhão em 2011. O público é de 14 mil vezes
a capacidade do Estádio do Morumbi, de 80 mil pessoas. Comparando a
quantidade de viagens no Metrô nos dois primeiros meses do ano, a
demanda subiu de 61 milhões, em 2007, para 84 milhões em 2012.
Fenômeno novo As filas na porta das estações são um fenômeno novo, diz o engenheiro Horácio Augusto Figueira, especialista em transportes. "A Linha Vermelha já estava no limite há cinco anos atrás. Quando veio a integração com a Linha Amarela, extravasou", disse. O engenheiro diz que ele mesmo encontrou fila e levou 15 minutos para chegar até as catracas da estação Artur Alvim.
Fenômeno novo As filas na porta das estações são um fenômeno novo, diz o engenheiro Horácio Augusto Figueira, especialista em transportes. "A Linha Vermelha já estava no limite há cinco anos atrás. Quando veio a integração com a Linha Amarela, extravasou", disse. O engenheiro diz que ele mesmo encontrou fila e levou 15 minutos para chegar até as catracas da estação Artur Alvim.
Para
Figueira, o Metrô poderia minimizar o problema aumentando a oferta de
trens fora do horário de pico. "O Metrô está fazendo o possível e o
impossível. Tem limitado os bloqueios, desligado escada rolante para
fazer as pessoas circularem mais devagar."
A
empresa afirma ter reduzido os intervalos entre os trens na Linha
2-Verde em 12% - de dois minutos e 30 segundos, em 2007, para dois
minutos e 12 segundos neste ano. Já na Linha 5-Lilás, a redução foi de
28% - de cinco minutos e sete segundos para três minutos e 42 segundos.
Na Linha 3-Vermelha, o intervalo permanece o mesmo nos últimos cinco
anos - um minuto e 41 segundos, o menor do Metrô.Quase o dobro de
passageirosTodas as linhas do Metrô tiveram aumento no número de
passageiros, nos últimos cinco anos. Duas - a Linha 1-Azul e a
3-Vermelha - tiveram demanda 30% maior, na comparação entre 2006 e 2011.
Já
a Linha 2-Verde teve um crescimento ainda maior - de 89 milhões
passageiros, em 2006, para 163 milhões em 2011, aumento de 85%
aproximadamente. Na Linha 5-Lilás, a demanda mais do que triplicou,
passando de 18 milhões para 63 milhões de passageiros.
Fonte: G1
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