Dois jovens
sócios de uma empresa de segurança da informação com sede em São Paulo
afirmam ter descoberto uma falha no sistema de recarga do Bilhete Único
da SPTrans (empresa responsável pela administração dos ônibus
municipais) que permite usar de graça ônibus, metrô e trens na capital
paulista.
Segundo eles, a
falha permite que um software restaure valores antigos do bilhete
indefinidamente. É possível, por exemplo, carregar R$ 10 e, após usar R$
3 numa viagem (preço da passagem de ônibus na cidade), restaurar o
valor de R$ 10 com a ajuda de um computador.
De acordo com
Gabriel Coutinho de Lima, de 21 anos, sócio da empresa, a descoberta da
falha ocorreu após os sócios começarem a testar o sistema da SPTrans.
Eles se inspiraram em ações semelhantes realizadas por especialistas em
sistemas e hackers em várias cidades do mundo em 2008. Naquele ano, de
acordo com Coutinho, a SPTrans afirmou que não era possível que isso
ocorresse com o Bilhete Único de São Paulo porque o sistema de
criptografia (proteção de dados) usado aqui era mais eficiente do que o
utilizado fora do país.
Assim mesmo, os
sócios decidiram testar o sistema. No começo, eles tentaram
simplesmente alterar os dados do cartão tentando colocar um saldo maior,
mas não tiveram sucesso. Ao restaurar dados que já haviam sido gravados
no Bilhete Único anteriormente, porém, eles descobriram a falha.
Coutinho afirma que o trabalho de "quebrar a segurança" do cartão durou três semanas.
Outro lado
O outro sócio
da empresa de segurança da informação, Vinicius Max, disse que na última
terça-feira (7), técnicos da SP Trans foram até seu escritório para
verificar a veracidade da falha.
Segundo Max, após questionarem a fraude, eles concluiram que o sistema têm uma falha.
- Eles
recarregaram aqui, foram até a catraca e conseguiram subtrair o valor do
cartão. Logo depois, vieram novamente, recarregaram R$ 15 e constataram
que o leitor leu. Eles repetiram a operação mais uma vez para não haver
dúvidas de que é possível fraudar o bilhete.
Max diz que sua
empresa tem um vídeo com todos os detalhes técnicos e as ferramentas
usadas para operação, mas não divulgará para "evitar que ele seja usado
de forma indevida".
Em nota, a
empresa municipal que "abriu uma sindicância para investigar a
possibilidade de tentativa de fraude contra o sistema do Bilhete Único" e
que a investigação deverá estar concluída em 30 dias.
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