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Trem série 1400 - Pátio da Lapa |
Por Diego Silva
Fotos: Acervo Pessoal
Caros leitores, dando continuação à essa série especial de matérias
sobre a história das frotas da CPTM, hoje falaremos da frota 401
(RFFSA/CBTU), atual série 1400.
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401, nos tempos de RFFSA, com destino à Suzano |
No início da década de 1970, a demanda por transporte crescia cada vez
mais. Em contrapartida, as empresas da época não ofereciam um número
suficiente de trens para atender todo o público que era interessado.
Pensando nisso, a já extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal Sociedade
Anônima) realizou encomenda de 18 trens junto à The Budd Company. Em
parceria com a paulistana Mafersa, a americana Budd realizou a
fabricação das unidades, ficando sob responsabilidade da Mafersa,
construir e realizar os primeiros testes. Os trens são de aço inox, com
seis carros, dotados de um conforto ímpar para a época. As primeiras
composições entraram em serviço entre 1976 e 1977, prontos para
atenderem inicialmente a zona leste de São Paulo. Tais trens também
circularam na região do ABC e na zona norte da cidade, chegando até
Francisco Morato, em viagens ocasionais.
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Unidade 516, em Barra Funda, atendendo serviços na linha de Francisco Morato |
A frota 401 possui algo bastante genérico nos trens da Budd: além do já
destacado aço inox (que por ventura, somente a Budd possuía a patente de
uso. A critério de curiosidade, no Brasil, somente a Mafersa podia
construir trens de aço inox, mediante licença da fabricante americana),
os frisos laterais, o teto arredondado, o inesquecível som do gerador e a
resistência dos trens eram detalhes que mereciam atenção por parte das
pessoas que admiravam e admiram trens até os dias atuais. Pois bem, dado
seu funcionamento nas linhas da zona leste e norte, os trens da frota
401 prestaram serviços fundamentais quanto de sua circulação. Porém,
indo na contramão de sua rotina, muitos problemas aconteciam pela
constante falta de manutenção por parte da CBTU (uma vírgula na nossa
história: a RFFSA sempre priorizou o transporte de cargas, repassando
para a CBTU, que era sua subsidiária, a responsabilidade de gerir o
sistema de transporte de passageiros em SP).
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401 estacionando em Barra Funda, 1995 |
A história dessa frota não conta com episódios muito peculiares. Durante
seus já quase 40 anos de circulação, esses trens se envolveram em
poucos acidentes, sendo que os poucos em que tiveram participação, não
tiveram lá sua grande culpa. Dois acidentes merecem destaque, em sua
história: um incêndio em Jaraguá, onde usuários atearam fogo em uma das
unidades, revoltados pelo péssimo serviço apresentado pela RFFSA na
época e a colisão com um vagão plataforma, nos arredores de Rio Grande
da Serra.
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Colisão em Rio Grande da Serra, com um trem da frota 401 |
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Incêndio de uma composição no Jaraguá - Foto de Luiz Parra |
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Cena muito comum de se ver, durante a gestão da RFFSA/CBTU em SP |
Com a chegada da CPTM, no início dos anos 1990, os trens restantes dessa
frota ainda operavam em situações precárias. O passar dos anos e a
falta de manutenção preventiva e corretiva deixou tais trens em estado
lamentável. A zona leste de São Paulo, sempre com uma demanda altíssima e
um péssimo serviço, contava com esses trens e outras frotas a mais,
todas em estado deplorável. Existem relatos que os maquinistas dessas
linhas (E e F) tinham que adivinhar a velocidade dos trens, circular 'no
instinto', uma vez que nem os velocímetros funcionavam corretamente. Em
1998, os trens da série 1400 (renomeados pela CPTM) seguiram para
revisão geral, realizada pela GEVISA. Com isso, componentes e estrutura
foram avaliados e reparados. O trem, após tanto descaso, ganhava novos
sistemas, mais atuais e seguros, sendo devolvido para operação nos
princípios de 1999.
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Trem série 1400, nas proximidades da estação Brás (Linha D, aprox. 1999) |
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Trens série 1400 na estação Brás, na então Linha F (Créditos ao autor) |
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Salão de passageiros (Foto extraída do site da CPTM em 2007) |
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Cabine de condução original da frota 1400 |
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Unidade 1414, antes de sua modernização e revisão geral |
Circulando até meados de 2005, com todo o sistema da revisão geral de
1998, a frota foi se desfazendo ao passar dos anos. Muitos carros foram
condenados, outros foram retirados para compor a frota 1100 (carros
reboque). Em 2006, iniciando um programa de recuperação das frotas da
zona leste, a CPTM enviou algumas unidades para revisão geral e
modernização. Em 2006, a primeira unidade (1401/1402) retornou, com um
salão de passageiros completamente revitalizado, com freios mais
potentes e uma cabine de condução mais confortável para o maquinista.
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Depois da modernização, já com o padrão metropolitano da CPTM |
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Salão de passageiros, revitalizado |
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Cabine de condução, totalmente modificada e mais prática para o maquinista |
Em duas outras composições, a CPTM solicitou a IESA que modificasse a
máscara facial do trem, deixando ele com uma nova aparência, mas não
modificando salão e cabine de condução. Renomeado para série 1400 fase
II, foram as únicas que receberam uma frente diferente, vista na imagem a
seguir.
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Série 1400 fase II: Máscara facial com uma terceira janela e sem a clássica porta |
Atualmente, das 17 composições encomendadas, apenas quatro estão
circulando. São elas: 1401-1402 e 1409-1412 (Linha 12-Safira, com seis
carros), 1403-1404, 1414-1405 (Extensão da Linha 7-Rubi, com quatro
carros cada). A unidade 1407 está fora de serviço no pátio da Luz, com
três carros (a mesma retornou da reforma na IESA com uma série de
defeitos e não está apta para circulação). Um detalhe curioso é que a
unidade 1403-1404, da extensão da Linha 7-Rubi, é a única que ainda
circula nos padrões 'originais' (a mesma passou por revisão geral em
98).
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Unidade 1403-1404 em Jundiaí |
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Unidade 1403-1404, passando pela estação Luz, após manutenção em Roosevelt |
Pouco a pouco, toda essa frota está desaparecendo. Após tantos anos de
serviços prestados, a tecnologia vem chegando e junto com ela, o fim da
frota 1400. Algo que poucos sabem: a CPTM tem contrato vigente para
reforma de TODAS as unidades que ainda fazem parte do ativo circulante.
As composições que estão baixadas ao lado do pátio da Lapa estão
aguardando modernização, que pelo jeito, não irá acontecer. No pátio da
IESA, em Araraquara, estão duas unidades e outras duas da série 1600 que
a CPTM não autorizou retornarem, após a modernização. Ou seja, era para
grande parte da frota Budd ainda estar circulando em São Paulo, pois a
empresa autorizou a modernização mas não quis receber os trens
posteriormente.
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Unidade 1412 estacionada em Brás |
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