Apelidados de 'tatuzetes', máquinas que vão escavar a Linha 5 chegam no dia 25
No próximo dia 25, uma quinta-feira, "Tarsila" chegará ao Porto de São
Sebastião, no litoral norte do Estado. Pesando cerca de 630 toneladas e
medindo 6,9 metros de diâmetro, ela será uma das duas "artistas" que vão
construir os túneis da Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo, que ligará
Santo Amaro à Chácara Klabin, na zona sul da cidade.
"Tarsila" e "Lina" são os nomes que os engenheiros da Companhia do
Metropolitano deram aos shields que escavam os túneis. Os equipamentos,
também conhecidos por aqui como "tatuzões" (desta vez, tatuzetes,
segundo o próprio Metrô) estão neste momento cruzando o Oceano
Atlântico, vindos do Porto de Antuérpia, na Bélgica. Os nomes são em
homenagem à pintora Tarsila do Amaral e à arquiteta Lina Bo Bardi. O
barco que traz Lina chega em maio.
As duas vão se juntar a um terceiro tatuzão, que já está na cidade.
Embora não tenha sido batizado com nome de artista, ele já tem uma obra
"assinada": o túnel da Linha 4-Amarela, que hoje liga o Butantã, na zona
oeste, à Luz, no centro. A máquina, que teve parte dos equipamentos
trocados por causa do uso, é a mesma que fez a linha mais nova da
cidade. Ele é maior: tem 10,5 metros de diâmetro e pesa 1.800 toneladas.
Será a primeira vez que três equipamentos do tipo estarão em operação
simultânea na cidade. As máquinas, "xodós" dos engenheiros do Metrô, são
admiradas pelos técnicos por causa da praticidade. Ao mesmo tempo que
as gigantescas brocas vão cavando os túneis, o restante da estrutura das
máquinas já vai fixando as placas de concreto que darão sustentação aos
túneis, o que torna a obra muito mais rápida. E pressa é a palavra de
ordem na construção dessa linha, cuja promessa original era que ficasse
pronta até 2012.
Além disso, a máquina ameniza o "inferno" que é o subterrâneo: os túneis
são úmidos, abafados e a diferença de pressão entre o nível do solo e a
área de escavação piora ainda mais o ambiente. "Antigamente, para
escavar um túnel, nós e os operários precisávamos passar por uma câmara
de descompressão, às vezes alguém ficava até surdo", conta Luís Bastos
Lemos, gerente do empreendimento da Linha 5. Com os shields, apenas uma
pequena parte da obra, à frente das brocas, tem a pressão atmosférica
diferente do nível do solo.
Além disso, os tatuzões dispensam o uso de explosões para abertura dos
túneis, algo complicadíssimo de ser feito em uma área urbana como a
capital.
Planejamento. As tatuzetes vão chegar por São Sebastião porque é o porto
mais adaptado para equipamentos desse tipo; várias megamáquinas já
entraram por ali. Outra vantagem é que o caminho para São Paulo não
inclui túneis. Os equipamentos chegaram ao Porto de Antuérpia de trem.
As máquinas foram fabricadas na Alemanha, pela empresa Herrenknecht. O
trajeto entre o litoral e a capital será feito de caminhão.
A logística trabalhosa não é só no transporte. Cada shield vem em seis
contêineres, e a montagem dura três meses. As paredes de concreto dos
túneis, que saem de uma fábrica montada em um canteiro próximo da
Estação Santo Amaro, são fabricadas, empilhadas, transportadas e
montadas seguindo uma ordem numérica preestabelecida: quando uma é
feita, os gerentes da obra sabem exatamente onde será fixada, em um
processo controlado por computador. São 11 km de placas, cada uma tem
1,5 metro de largura.
Obras. O projeto da Linha 5 prevê que o trecho entre a Estação Adolfo
Pinheiro, já em obras, e a futura Estação Eucaliptos, em frente ao
Shopping Ibirapuera, será feito em um único túnel - aí a razão do
tatuzão maior. Dali em diante, até Chácara Klabin, serão dois túneis, um
para cada sentido do trem. Trabalho para as duas tatuzetes.
A promessa é entregar o prolongamento da Linha 5-Lilás em 2015. É a
aposta do Metrô para aliviar as superlotadas Linha 4-Amarela e Linha
9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), além
de facilitar a vida de quem mora na zona sul.
Estadão
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