Por Diego Silva CPTM em Foco
Utilizado como uma grande plataforma eleitoral do já prefeito Fernando
Haddad (PT), o Bilhete Único mensal, projeto que engloba uma recarga
única de R$ 140,00 para livre utilização durante o mês nos ônibus da
capital, terá suas inscrições iniciadas no próximo dia 15 de abril. Até
hoje, não se sabe se dará certo tal projeto, pois o prefeito
aparentemente se esqueceu que São Paulo não se move unicamente pelos
ônibus. A integração com a CPTM e o Metrô não foi lembrada na hora da
concepção de tal.
Como profissional de logística que sou, acredito que a visão de Fernando
Haddad foi de aplicar uma concepção européia nos transportes de São
Paulo. A intenção é boa, afinal, muita gente votou nele graças a essa
promessa. Mas quem não utiliza os ônibus da SPTrans com frequência não
ficou muito contente com tal projeto. A começar com o valor: R$ 140,00
lhe garante livre utilização nos ônibus. A vantagem de poder usar
quantos carros quiser durante o mês é sim muito vantajoso. Em
contrapartida, o custo médio ainda é mais caro do que quem usa dois
ônibus por dia (uma pesquisa aponta que o paulistano utiliza duas linhas
para deslocamento). Hoje, o sistema metroferroviário transporte 7,1
milhões de pessoas por dia, sendo que pelo menos um terço dessa gente
toda utiliza ônibus em São Paulo para complementar seu deslocamento.
Andar de ônibus em São Paulo ainda não é uma grande solução, pois grande
parte das linhas não atende a demanda necessária. A superlotação em
trajetos da zona leste e sul, por exemplo, não justifica querer chamar
ainda mais gente para o sistema. O que os homens de terno ainda não
perceberam é que a grande salvação dos transportes paulistanos é o
investimento maciço em novas linhas ferroviárias e corredores de ônibus,
além de uma forma de alienação de carros. Alienação no sentido de
acabar com os incentivos para compra de automóveis e dar o devido brilho
ao transporte público. Com menos carros na rua, ônibus circularão com
maior velocidade, atendendo mais trechos em menor tempo.
A ampliação dos horizontes do Bilhete Único veio em um momento muito
complicado. Enquanto o Metrô corre contra o tempo para ampliar seu
sistema, expandindo duas linhas e construindo duas outras linhas de
monotrilho, a CPTM está parada no tempo, sem investimentos claros. Eles
existem, sim, mas estão sendo aplicados de maneira incorreta. Comprar
trens para rodar num sistema antigo é chover no molhado. Como já havia
dito tempos atrás: melhorar a via permanente e reforçar os sistemas de
energia é prioridade máxima. Trens novos seriam consequência. O Bilhete
Único Mensal, a princípio, é uma ideia furada. Pode ser que dê certo, se
for ampliado até os limites ferroviários. Se ficar estagnado apenas nos
ônibus, será mais um elefante branco. Opinião do blogueiro.
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