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Lotação é uma constante, tanto na CPTM quanto no Metrô |
Nenhum trem é projetado para circular vazio, repetem engenheiros. Mas os
vagões não precisavam encher tanto, rebatem passageiros, diante da
superlotação que hoje atinge 6 das 12 linhas de metrô e de trem de São
Paulo.
A sãopaulo preparou o ranking do aperto nos vagões com base no
índice de conforto divulgado neste mês pela CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos), em seu balanço anual, e com informações pedidas
pela reportagem ao Metrô. A conta
é feita a partir dos padrões adotados pela entidade internacional
Comunidade de Metrôs: é aceitável até seis pessoas por metro quadrado.
"O metrô e o trem são excelentes, o problema são as condições dentro
dele", reclama a psicóloga Daniela Ribeiro Ito, 36, usuária das linhas
2-verde e 4-amarela do metrô. "Incomoda o empurra-empurra, as pessoas
são mal-educadas, o trem está cheio e o povo insiste em entrar."
A linha 2-verde passou a figurar entre as superlotadas na mais recente
lista. Desde 2011, há mais de seis passageiros, em média, espremidos em
um metro quadrado nas horas de pico (início da manhã e fim da tarde).
Viajam na mesma situação de desconforto extremo usuários das linhas
1-azul e 3-vermelha do metrô e das linhas Expresso Leste, 7-rubi e
11-coral da CPTM. A maioria delas já aparecia entre as campeãs do aperto
há cinco anos, porém com índices menores.
Em 2006, a média de pessoas por metro quadrado na linha 3-vermelha era
de 7,3. Em 2010, chegou a oito. Esse índice leva em conta o total de
pessoas que usam a linha de uma ponta a outra, mas não há dados sobre a
superlotação numa estação como a Sé, por exemplo, quando o vagão é ainda
mais cheio nos horários de pico.
O desconforto é uma das principais queixas dos passageiros do transporte
público paulista. Segundo pesquisa da ANTP (Associação Nacional de
Transportes Públicos) deste ano, o excesso de lotação foi o principal
incômodo apontado por 57% das 2.387 pessoas entrevistadas sobre a
qualidade tanto de trens como de ônibus.
Creso de Franco Peixoto, mestre em transportes e professor de engenharia
civil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana),
diz que apenas Tóquio supera São Paulo no quesito superlotação. "O
problema aqui é o excesso de demanda por conta da falta de linhas."
De 2006 para cá, São Paulo ganhou a linha 4-amarela e a extensão da
2-verde até Vila Prudente --um incremento de 27% no tamanho da rede, que
hoje soma 74 quilômetros.
No entanto, são insuficientes para atender os novos usuários. Nos
últimos cinco anos, o volume de passageiros transportados por ano no
metrô cresceu 29%, de 774 milhões para 1 bilhão. Na CPTM, o salto foi de
63% (de 430 milhões para 700 milhões).
Mudanças previstas
Agora, o governo corre para minimizar a diferença. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, responsável pelas duas redes, afirma que a troca do sistema de sinalização e de controle dos trens das linhas 2-verde, 1-azul e 3-vermelha aumentará em 20% a quantidade de viagens, aliviando o aperto dentro dos vagões. A expectativa é que entrem em funcionamento até dezembro deste ano.
Agora, o governo corre para minimizar a diferença. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, responsável pelas duas redes, afirma que a troca do sistema de sinalização e de controle dos trens das linhas 2-verde, 1-azul e 3-vermelha aumentará em 20% a quantidade de viagens, aliviando o aperto dentro dos vagões. A expectativa é que entrem em funcionamento até dezembro deste ano.
Na CPTM, há mudanças previstas na infraestrutura de todas as linhas para
tentar reduzir, em dois anos, o tempo de espera na plataforma. Hoje, o
pior intervalo no sistema, na linha 11-coral, chega a oito minutos.
Ao todo, diz a secretaria, serão investidos R$ 32 bilhões nas duas
empresas até 2015. O plano inclui a entrega de novas linhas, como a
18-bronze, cuja construção contará com verba federal, conforme anúncio
feito na semana passada.
"O que está sendo feito agora está começando a resgatar o que deveria
ter sido feito há 40 anos", diz Ailton Brasiliense, presidente da ANTP.
"Como há uma demanda reprimida, assim que o transporte melhorar vai
ficar mais denso", explica. "Mas não dá para pensar que, na hora do
pico, você vai dançar a valsa. Vai andar apertadinho ainda, talvez um
pouco menos."
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