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Trens em Engenheiro São Paulo |
Imagens: Acervo pessoal
Quando a zona leste de São Paulo começou a ser atendida por trens de
subúrbio, estes eram formados por locomotivas a vapor e carros de
madeira, sendo sua manutenção efetuada nas Oficinas do Norte (depois
Roosevelt) no bairro do Brás.
Com a primeira fase da eletrificação dos subúrbios da EFCB chegando até Itaquera (Linha
Tronco) e São Miguel Paulista (Linha Variante), tornou-se necessário um
local para a manutenção dos trens elétricos Metropolitan Vickers Série
100. Cid José Beraldo certa vez me relatou que a primeira oficina de
Trens Unidade da zona leste localizava-se em um terreno vizinho à antiga
estação Carlos de Campos (bairro da Penha), onde atualmente existe o
terminal de ônibus da estação Penha do Metrô.
Provavelmente entre meados dos anos 60 e início da década de 70 a
Oficina de Roosevelt (Abrigo Roosevelt) foi readequada para que pudesse
atender a manutenção de trens elétricos e assim fosse desativada a
Oficina da Penha. Entretanto é algo que deve ser melhor estudado.
Com a entrada de novos trens em operação na década de 70 e 80 a
estrutura de Roosevelt passou a ser insuficiente, surgindo a necessidade
de outra oficina.
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Construção no abrigo Engº São Paulo |
Segundo Max Vasconcelos, João José de São Paulo, foi Ajudante da 5.ª
Divisão (Via Permanente) da EFCB entre o fim do século XIX e início do
século XX. O engenheiro ajudante era o 2.º cargo na hierarquia desta
divisão, estando acima dele apenas o subdiretor.
A estação de cargas foi construída em parte do terreno do antigo
Hipódromo da Moóca e também foi chamada de Moóca e Norte Cargas. Era
composta de um vasto pátio e dois armazéns, um voltado para importação e
outro para exportação.
Tinha como delimitação as ruas Benedicto Barbosa (Instituto Brasileiro
do Café - atual pátio Bresser do Metrô), Dr. Raphael de Barros (atual
Pires do Rio), Bresser e pela linha da Estrada de Ferro Central do
Brasil. Junto à rua Bresser existiu por um período de tempo a Segunda
Parada, estação suburbana de passageiros que foi suprimida na década de
30.
João de José São Paulo recebeu como homenagem ter seu nome na nova
estação de mercadorias que ali foi inaugurada em 10/09/1920, sendo seus
dois armazéns concluídos em 1921 e 1922.
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Eng. São Paulo, sob administração da RFFSA |
Engenheiro São Paulo foi desde a sua criação o terminal de cargas mais
importante da Central em São Paulo, e ao longo dos anos o complexo foi
sendo modificado para atender novas exigências. Em data incerta o
Armazém N.º 2 (Importação) foi demolido.
No início de 1968, foi inaugurado o transporte de contêineres entre São
Paulo e Rio de Janeiro, passando assim o terminal paulista, com algumas
adequações, a ser utilizado para este fim.
Sua última e grande reforma foi na década de 70 quando o pátio foi todo
remodelado, sendo construído um novo edifício de controle de operações.
Da parte original resta até hoje o Armazém N.º 1 (Exportação) que é
utilizado como terminal de cimento ensacado.
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Placa de inauguração da fresadora de rodas |
No dia 22 de fevereiro de 1984 foi constituída a CBTU, criada com o
intuito de modernizar o sistema suburbano de passageiros. Seu início foi
bastante promissor já que tentou rapidamente mostrar serviço. Uma de
suas obras à época foi justamente a Oficina de Engenheiro São Paulo,
inaugurada em 14 de Setembro de 1984. Estima-se que o projeto era anterior à criação da CBTU, mas couberam a ela os louros da inauguração.
Essa nova estrutura era composta de uma cobertura de 250m com 3 linhas
internas com vala de manutenção e duas linhas de estacionamento em uma
lateral. Na outra lateral, foi construído um torno de rodas com
cobertura de 50m e uma linha, inaugurado em janeiro de 1986.
Em Engenheiro São Paulo era para ser baseado inicialmente o Eletrocarro
Série 160. Entretanto, houve uma mudança no planejamento e foram
remanejados para os GE’s Série 400 originais, os GE’s Série 400M
(Sukita) e os Budd’s Série 431. Em 1986 após uma grande enchente na
plataforma de Roosevelt onde foram perdidos alguns trens por danos nos
motores, foram remanejadas para Engenheiro São Paulo duas composições do
Budd Série 401. Em Roosevelt permaneceram lotados o Eletrocarro Série
160.
Entrada principal do Abrigo Engenheiro São Paulo |
Roosevelt passa o bastão
A CPTM, que nascera em 1992, assumiu em 1994 o sistema suburbano da CBTU
em São Paulo implantando ao longo dos anos a modernização do sistema e
de seus trens. Roosevelt naquela época trabalhava somente com os trens
Série 160 e com a troca de truques e motores das demais séries.
A empresa planejava desativar a Oficina e desta forma em maio de 1997 as
atividades foram transferidas em quase sua totalidade para Engenheiro
São Paulo, que passou a concentrar a manutenção de todos os trens das
linhas Tronco e Variante, sobrando em Roosevelt apenas à troca de
truques. Posteriormente Roosevelt foi reformada e lá passaram a ser
realizadas Revisões Gerais.
Um novo horizonte
Em 1998 veio a acontecer uma revolução no sistema suburbano: A
inauguração do Expresso Leste entre o Brás e Guaianases. Foram
adquiridas 15 composições novas de alta tecnologia e qualidade, que
acabaram lotadas em Engenheiro São Paulo.
Com o passar do tempo à estrutura passou a ser insuficiente, e em 2002
foi iniciada a construção de uma nova estrutura, com cobertura de 215m e
3 linhas internas com vala de manutenção, paralela a anterior. Depois
de a obra ter ficado um bom tempo embargada por desencontros com a
Prefeitura Municipal de São Paulo, foi finalmente entregue em Fevereiro
de 2006 e hoje atende os trens Série 2000 e é chamada de Engenheiro São
Paulo II.
O futuro
A atual diretriz do governo estadual, por meio da Expansão São Paulo, é
investir em transporte público sobre trilhos e isso recai na aquisição
de novos trens. Estes demandarão novas estruturas de manutenção, e o
primeiro passo nesse sentido é a extensão da área coberta de Engenheiro
São Paulo I.
Entretanto, vem sendo estudada a construção de uma nova Oficina de
manutenção em outro ponto das linhas da CPTM e ventila-se a
possibilidade de construção em Manoel Feio.
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