Logo na catraca, uma mulher tem problemas para encontrar o cartão e
forma uma quase-fila atrás de si, na estação Santa Cecília do metrô,
região central de São Paulo.
Veja fotos do desrespeito a regras de convivência
Outros desrespeitos a regras simples de convivência se enfileiram: uso
indevido do elevador e dos bancos preferenciais, burlas para tentar
entrar primeiro no trem, desencontros no desembarque.
Na Sé, um homem ocupa todo o degrau da escada rolante, onde o fluxo deve ficar livre na esquerda para quem tem mais pressa.
Tudo isso foi observado ontem pela reportagem, fora do horário de pico --das 15h às 16h-- na linha 3-vermelha.
Na véspera, pela primeira vez houve registro de briga entre passageiros
--iniciada por um não ceder espaço ao outro na escada rolante--, levando
a confusão generalizada e interrupção da linha 4-amarela por 23
minutos, conforme a Folha noticiou.
"Já vi uma gestante tendo que ceder lugar a uma mulher com criança de
colo, porque ninguém ofereceu", disse a operadora de caixa Simone
Antunes, 25, também grávida. "Tem quem finge dormir para não me deixar
sentar."
Bruno Daniel de Souza, 23, já viu dois passageiros "saírem no tapa" porque um deles esbarrou no outro no embarque e desembarque.
Esse é o motivo mais comum de brigas e reclamações, segundo a percepção
do vigilante Antonio Lopes, 48, que trabalha na estação Sé. "Quem mais
reclama é quem está com mais pressa: um xinga, olha feio para o outro e,
se tiver bagunça, vamos tentar conter."
PANCADÃO
A enfermeira Renata Simões, 26, presenciou, há duas semanas, um homem
dando um murro no nariz de outro que ouvia um funk "pancadão" ao lado e
se recusava a baixar o volume do som.
Segundo o Metrô, o volume de músicas será alvo da Campanha de Cidadania
deste ano pela primeira vez --além do respeito no embarque e
desembarque, ao público preferencial, ao fluxo nas escadas rolantes e
limpeza, também alvo de campanhas do grupo CCR, responsável pela linha
4-amarela.
O índice de desentendimentos notificados no Metrô é de 0,1/milhão de passageiros.
SUPERLOTAÇÃO
A superlotação leva às desavenças entre passageiros do metrô, na opinião do especialista em transportes Sergio Ejzenberg.
"Tratam-se de pessoas levadas a situação extrema de falta de civilidade e
perda total de paciência pelas condições subumanas. Ficam como sardinha
em lata todos os dias: uma hora alguém explode e a massa pode entrar em
paranoia."
Ele aponta o risco de pisoteamentos no sistema metroviário mais lotado
do mundo, com dez pessoas por m². "Tem que pedir a todos para colaborar.
Vamos conviver com isso bastante tempo, até que haja investimento em
transporte de massa", afirma.
"A gente tem lotação, é um fenômeno urbano, mas temos, em contrapartida,
a colaboração das pessoas", diz Cecília Guedes, chefe do Departamento
de Relacionamento com o Cliente do Metrô.
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