José Kalil Neto teria feito contrato sem licitação na Dersa; Sérgio
Avelleda deixou presidência para elaborar projetos para o governo
O advogado Sérgio Avelleda deixou ontem a presidência do Metrô. Ele
havia sido afastado do cargo em novembro do ano passado por causa de
suspeita de fraude na licitação da Linha 5-Lilás, mas foi reconduzido ao
posto em menos de um mês. Já o novo presidente da companhia, José Kalil
Neto, tem problemas com a Justiça. Ele foi condenado, em 2007, por
improbidade administrativa, mas recorreu e a sentença final ainda não
saiu.
O novo presidente do Metrô, que até ontem era diretor de Finanças, foi
condenado em primeira instância, em 2007, à perda da função, dos
direitos políticos e a ressarcir os cofres públicos em um processo sobre
sua atuação como funcionário da estatal Desenvolvimento Rodoviário S.A.
(Dersa).
A denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual contra Kalil foi
sobre a contratação sem licitação de um escritório de advocacia que
faria suporte jurídico à Dersa durante a execução das obras do Rodoanel
Mário Covas.
O processo, da 9.ª Vara da Fazenda Pública, começou em 1993 e a
condenação não foi cumprida por causa de um recurso apresentado pelos
condenados - além dele, outros quatro diretores da Dersa. O processo
ainda está em andamento.
Consultoria. A saída de Avelleda já era especulada por funcionários do
Metrô havia pelo menos três semanas. Mas a informação que circulava era
que a saída do ex-presidente teria sido uma decisão do governo do Estado
- o que é negado categoricamente pelo Palácio dos Bandeirantes.
O ex-presidente do Metrô vai trabalhar na empresa Estação da Luz
Participações (EDLP), do empresário Guilherme Quintella. A empresa atua
no setor de logística e transporte de cargas sobre trilhos e tem dois
projetos, ainda em fase de planejamento, que dependem de parcerias a
autorizações do poder público. Um deles é a ligação das cidades do
interior do Estado por meio de trens - por meio da Agência de
Desenvolvimento de Trens Rápidos entre Municípios (AD-Trem). O outro é o
Trem de Alta Velocidade (TAV).
Quintella diz que, atualmente, não tem nenhuma ligação com governos.
"Zero por cento do meu faturamento vem do poder público." E, por isso,
não vê nenhum problema em contratar o ex-presidente do Metrô. Segundo o
empresário, Avelleda foi convidado a trabalhar na empresa por causa do
seu currículo. "Já o conhecíamos e procurávamos por um profissional
diferenciado", disse Quintella.
O Estado solicitou entrevista com Avelleda à Assessoria de Imprensa do
Metrô, que disse que ele não falaria. Questionada sobre a situação do
novo presidente, a companhia confirmou o processo, mas ressaltou que a
condenação não é em última instância.
Histórico. Avelleda foi presidente da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) entre 2008 e 2010 e estava no Metrô desde o início
da atual gestão Geraldo Alckmin (PSDB), no ano passado. Ele já havia
trabalhado no Departamento Jurídico do Metrô.
Em novembro do ano passado, o Ministério Público Estadual solicitou que o
presidente fosse afastado do cargo e que as obras do prolongamento da
Linha 5-Lilás fossem suspensas. Os dois pedidos foram aceitos em caráter
liminar, mas derrubados com recursos. O processo ainda está em
andamento.
A suspeita - que também resultou no indiciamento criminal de 14
representantes das maiores empreiteiras do País - é que a licitação das
obras tenha sido fraudada. As empresas teriam combinado o resultado da
licitação, amparadas por regras que, na prática, tornaram a empreitada
mais cara, segundo a Promotoria. Avelleda foi afastado por ter
descumprido a orientação do MP de não suspender a licitação, feita antes
de ele assumir.
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